Você já tentou explicar o que sentia e ouviu: “isso é coisa da sua cabeça”?
Já contou uma situação que aconteceu e te disseram que você estava exagerando? Que entendeu errado? Que era só uma brincadeira?
Aos poucos, você vai se calando. Vai pensando duas vezes antes de dizer o que pensa, ou sentir o que sente. Começa a se perguntar:
“Será que sou eu o problema?”
Esse é um dos efeitos mais cruéis de estar com um narcisista: ele te faz duvidar da sua própria realidade.
No começo da relação, tudo parece um sonho. Ele te envolve, te elogia, te coloca num pedestal. Mas, aos poucos, as pequenas manipulações começam a aparecer. Você diz que algo te incomodou e ele responde com desprezo. Você chora, e ele ri. Você se frustra, e ele diz que é drama.
E assim, sem que perceba, você começa a acreditar que suas emoções são erradas. Que sua memória falha. Que seu julgamento não é confiável.
Esse processo tem nome: gaslighting. Uma forma sutil (e devastadora) de abuso psicológico, onde o narcisista distorce fatos, manipula conversas e te convence de que o que você viu, ouviu ou sentiu… nunca aconteceu como você lembra.
Ele diz que você está “sensível demais”. Que é “louca”.
Ou pior: que ninguém mais teria paciência com você como ele tem.
E você começa a se esconder dentro de si.
Eu já ouvi muitas mulheres dizerem: “eu era tão segura antes dele”.
E é verdade. O narcisista não destrói sua essência — ele sufoca ela.
Mas ela continua aí, dentro de você.
É por isso que esse texto não é pra te culpar.
É pra te lembrar.
Lembrar que você não está errada por sentir.
Lembrar que não é exagero, nem fraqueza. É dor real.
E que a realidade que ele tentou apagar… você pode recuperar.
Reaprender a confiar em si leva tempo. Reaprender a se ouvir, se validar, se proteger. Mas é possível.
E começa quando você decide que não vai mais se silenciar.
Não porque ele mandou.
Mas porque você finalmente entendeu que sua voz vale.
E que sua história merece ser contada por você — com verdade, com dignidade, e com amor.