Por que temos tanto medo de recomeçar?

Tem dias em que a vontade de largar tudo e recomeçar parece gritar dentro da gente.
Mas aí vem o medo. O medo do novo, do incerto, do julgamento.
A gente olha pro passado com dor, pro presente com exaustão e pro futuro com dúvida.
E então, a vida vira um lugar onde a gente sobrevive — mas não vive.

Mas por que será que é tão difícil recomeçar, mesmo quando sabemos que o que vivemos já não nos serve mais?

porque muitas mulheres que tentam recomeçar desistem?

Muitas mulheres que tentam recomeçar após um relacionamento abusivo acabam retornando ao parceiro agressor. Um estudo publicado na Revista Interamericana de Psicologia destaca que a permanência ou o retorno a esses relacionamentos está frequentemente associado a fatores como dependência emocional, medo, baixa autoestima e a esperança de que o parceiro mude. Esses elementos dificultam o rompimento definitivo, mesmo diante de situações de violência.”

O medo do recomeço nasce do apego.
Apego à rotina, aos lugares, às pessoas, até mesmo às versões antigas de nós mesmas.
A mente tenta nos proteger do desconhecido repetindo: “Mas e se der errado?” “e se eu não encontrar alguém que goste de mim” “e se eu encontrar alguém pior”.

Só que, às vezes, a pergunta certa não é essa.
A pergunta que muda tudo é:
“E se der certo?”

E se esse passo que hoje te assusta for o início de uma vida mais leve?
E se recomeçar for justamente o que vai te permitir respirar de novo, sonhar de novo, amar de novo?

Recomeçar não é sinal de fraqueza. É sinal de que você tem coragem de se escolher.
É reconhecer que, mesmo com medo, você merece mais.
Merece paz. Merece reciprocidade. Merece respeito.

E sim, o novo é assustador. Mas continuar em algo que não te faz bem também é.

Talvez ninguém tenha te dito isso ainda, mas:
Você pode mudar. Você pode voltar atrás. Você pode recomeçar.
Quantas vezes for preciso.

A vida não exige que a gente acerte sempre.
Ela só pede que a gente seja fiel àquilo que faz o coração vibrar.

E se hoje tudo parece confuso, se permita dar um passo. Um só.
Um passo em direção à sua verdade.
Recomeçar é se dar uma nova chance.

O silêncio depois da tempestade: lidando com o vazio do “e agora?”

Após sair de uma relação abusiva, o silêncio que antes parecia libertador pode se transformar em um eco doloroso de solidão. A rotina muda. Os planos que giravam em torno do outro deixam de existir. Os sons diários — as mensagens no celular, as discussões, até os momentos de tensão — de repente desaparecem. E esse “vazio” que sobra, esse silêncio ensurdecedor, pode dar a falsa sensação de que algo está faltando. Mas o que está faltando, na verdade, é você com você mesma.

Esse é o luto emocional. Um luto não apenas pelo fim do relacionamento, mas por tudo aquilo que você acreditou, por todas as promessas que nunca se concretizaram e pela imagem idealizada do parceiro e de uma relação que nunca existiu de fato.

É normal, nesse momento, sentir-se perdida. Muitas mulheres relatam um sentimento de desorientação, como se não soubessem mais quem são sem aquele ciclo de dor e reconciliação. Afinal, durante um relacionamento abusivo, é comum que a mulher vá se moldando ao outro, deixando seus gostos, suas vontades, suas amizades e sua essência de lado. Recomeçar, então, significa redescobrir-se. E essa é uma jornada solitária, mas não precisa ser solitária o tempo todo.

Esse processo de reconexão consigo mesma exige tempo, gentileza e muito autocuidado. É hora de começar a preencher esse silêncio com a sua própria voz. Com seus desejos, seus limites, seus sonhos e sua história. Pode ser aos poucos: uma nova atividade, retomar uma amizade antiga, experimentar algo que você sempre quis fazer. Cada passo, por menor que pareça, é uma afirmação de que você está voltando para si mesma.

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